Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Oriente se cruzou com o meu sangue que veio do Ocidente.
Não foi por acaso nada de quem sou agora.
Em mim se cruzaram finalmente todos os lados da terra.
A Natureza e o Tempo me valeram:
séculos e séculos ansiosos por este resultado
um dia e até hoje fui sempre futuro.
Faço hoje a cidade do Antigo
e agora nasço novo como ao Princípio:
foi a Natureza que me guardou
foi a Natureza que me guardou
a semente apesar das épocas e gerações.
Faço hoje a cidade do Antigo
e agora nasço novo como ao Princípio:
foi a Natureza que me guardou
a semente apesar das épocas e gerações.
e agora nasço novo como ao Princípio:
foi a Natureza que me guardou
a semente apesar das épocas e gerações.
Cheguei ao fim do fio da continuidade
e agora sou o que até ao fim fui desejo:
o Centro do Mundo já não é o meio da terra
vai por onde anda a Rosa dos Ventos
vai por onde ela vai anda por onde ela anda.
Agora chego a cada instante pela primeira vez
à vida já não sou um caso pessoal
mas sim a própria pessoa.
Texto de José de Almada Negreiros
Tela de Maria do Carmo da Hora