segunda-feira, 18 de agosto de 2008

UMBANDA

Sou a fuga para alguns, a coragem para outros.

Sou o atabaque que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das senzalas.

Sou o cântico que chama ao convívio seres de outros planos.

Sou a senzala do Preto Velho, a ocara do Bugre, a cerimônia do Pajé, a encruzilhada do Exu, o jardim da Ibejada, o nirvana do Hindu e o céu dos Orixás.

Sou o café amargo e o cachimbo do Preto Velho, o charuto do Caboclo e do Exu; o cigarro da Pomba Gira e o doce do Ibeji.

Sou gargalhada da Padilha, o requebro da Cigana, a seriedade do Tranca-Rua.

Sou o sorriso e a meiguice de Maria baiana, Cambinda e Maria do Congo a traquinada do Zequinha e a sabedoria do Sete Flechas.

Sou o fluído que se desprende das mãos do médium levando a saúde e a paz.

Sou o isolamento dos orientais onde o mantra se mistura ao perfume suave do incenso.

Sou o Templo dos sinceros e o teatro dos atores.

Sou livre.

Não tenho Papas.

Sou determinada e forte.

Minhas forças?

Elas estão no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade.

Minhas forças estão nas entidades espirituais que me utilizam para seu crescimento.

Estão nos elementos.

Na água, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na tuia, na mandala do ponto riscado.

Estão finalmente na tua crença, na tua Fé, que é o elemento mais importante na minha alquimia.

Minhas forças estão em ti, no teu interior, lá no fundo na última partícula da tua mente, onde te ligas ao Criador.

Quem sou?

Sou a humildade, mas cresço quando combatida.

Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura.

Sou o mistério, o segredo, sou o amor e a esperança.

Sou a cura.

Sou de ti.

Sou de Deus.

Sou a Umbanda!

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