domingo, 17 de agosto de 2008

Obaluaiê

Introdução

Obaluaiê; "rei dono da terra" , omolu "filho do senhor", sapata "dono da terra" são os nomes dados a sànpònná (um título ligado a grande calor - o sol - também é conhecido como babá igbona = pai da quentura) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.

Outra corrente os define como obá (rei) - oluwô (senhor) - ayiê (terra), omulu também é uma flexão dos termos: omo (filho) - oluwô (senhor) que quer dizer "filho e senhor" sua dança o opanijé (cuja tradução é: ele mata qualquer um e come), como um ser doente onde mostra suas feridas, o céu e a terra, sua lenda, em outras danças, dança curvado para frente, como que atormentado por dores, e imitam seu sofrimento, coceiras e tremores de febre.

Seu "arma" (emblema) é o xaxará (sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra, ao tronco e ramo das árvores, transporta assim o axé preto, vermelho e branco. Está relacionado com o axé preto (terra), contido no segredo do "ventre fecundado" e com os espíritos contidos na terra. Na nigéria os owo érindínlogun adoram obaluaiê e usam, no punho esquerdo, uma tira de igbosu (pano africano) onde são costurados cauris esó.

Sua vestimenta é feita de ìko , é uma fibra de ráfia extraída do igí-ògòrò, a "palha da costa" , elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados a morte e o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto.

É composta de duas partes o "filá" e o "azé", a primeira parte, a de cima que cobre a cabeça é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura, o azé , seu asó-ìko (roupa de palha) é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos, em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia vai um xokotô, espécie de calça, também chamado "cauçulú", em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta acompanha algumas cabaças penduradas, onde supostamente carrega seus remédios.

Ao vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com a morte. Sua festa anual é o olubajé, (olu-aquele que, ba-aceita, jé-comer ; ou ainda aquele-que-come), são feitas oferendas e são servidas suas comidas votivas, seus "filhos" devidamente "incorporados" e paramentados oferecem as mesmas aos convidados/assistentes desta festa, em folhas de bananeira ou mamona.

Tido como filho de Nanâ, no brasil, sua origem, forma, nome e culto na áfrica é bastante variado, de acordo com a região, essa variação de nomes é de conformidade com a região, obaluaiê /xapanã em tapá (nupê) chegando ao território mahi ao norte do daomé; sapata é sua versão fon, trazido pelos nagôs. Em alguns lugares se misturam em outros são deuses distintos, confundido até com nànà buruku; omolu em keto e abeokutá.

Seu parentesco com oxumare e iroko é observado em keto (vindo de aisê segundo uns e adja popo segundo outros), onde pode se ver uma lança (oko omolu) cravada na terra, esculpida em madeira onde figuram esses tres personagens superpostas, também em fita próximo de pahougnan, território mahi, onde o rei oba sereju, recebera o fetiche moru, três fetiches ao mesmo tempo moru (omolu), dan (oxumare) e seu filho loko (iroko).

(do livro "lendas africanas dos orixás de pierre fatumbi verger e carybé - editora currupio)

Atotô Xapanã nasceu em empê, no território tapá, também chamado, nupê. Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria o céu e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saíam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou xapanã em território mahí, no daomé. A terra dos mahis abrangia as cidades de savalú e dassa zumê.

Quando souberam da chegada iminente de xapanã, os habitantes desta região, apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: "ah! O grande guerreiro chegou de empê! Aquele que se tornará o senhor do país! Aquele que tornará esta terra rica e próspera, chegou! Se o povo não o aceitar, ele o destruirá! É necessário que supliquem a xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas; todas as que ele goste: inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, picadinho de carne de bode e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, xapanã não o combaterá, mas protegerá a todos!"

Quando xapanã chegou, conduziu seus ferozes guerreiros, os habitantes de savalú e dassa zumê reverenciaram-no, encostando suas testas no chão, e saudaram-no:

"totô hum! Totô hum! Atotô! Atotô!" "respeito e submissão!"

Xapanã aceitou os presentes e as homenagens, dizendo: "está bem! Eu os pouparei! Durante minhas viagens, desde empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora!"

Xapanã instalou-se assim entre os mahis. O país prosperou e enriqueceu e o grande guerreiro não voltou mais a empê, no território tapá, também chamado nupê. Xapanã é considerado o deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem também o poder de curar. As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal. Seu verdadeiro nome é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo obaluaê, o "rei, senhor da terra" ou omulú, o "filho do senhor".

Quando xapanã instalou-se entre os mahis recebeu, em uma nova terra, o nome de sapatá. Aí, também, era preferível chamá-lo ainon, o "senhor da terra", ou, então, jeholú, o "senhor das pérolas". O fato de ser chamado jeholú e ainon causou mal-entendidos entre sapatá e os reis do daomé, pois eles também usavam estes títulos.Enciumados, os jeholú de abomey expulsaram, várias vezes, jeholú ainon do daomé e obrigaram-no a voltar momentaneamente, à terra dos mahis. Jeholú ainon vingou-se: vários reis daomeanos morreram de varíola! Atotô!


QUALIDADES

1)Agbagba (ligação com Oyá)- Quando vem ao barracão, é Oxaguiã quem o traz.

2)Omolu:filho do senhor

3)Obaluayie: rei dono da terra

4)Soponna/Sapata/Sakpatá - Saí, no barracão, com o KUMON (haste feita de bambu, ornada com búzios, crânio humano, untado com cera de abelha e palha da costa). Tem dois assentamentos, um é enterrado em frente a casa de Exu envolto em pano preto e vermelho, a cada 7 anos é renovado. Come ao meio dia, em céu aberto, além de quadrúpedes, come também camaleão com crista.

5)Afoman/Akavan/Kavungo (ligação com Exú) afomo; contagiante,infeccioso

6)Savalu/Sapekó (ligação com Nana)

7)Dasa

8)Arinwarun (wariwaru) título de xapanan

9)Azonsu/Ajansu/Ajunsu (ligação com Oxalá, Oxumare)Ajansu Essa qualidade é trazida ao barracão pelo Oxalufã, Ajunsu: Associado a Oxumaré e Orinsanlá, só come orogbo e no cuscuzeiro tem 7 setas e 2 cobras amarradas ao okutá.

10)Azoani (ligação com Yemanjá e Oyá) - Duas cabacinhas e 41 búzios no assentamento.

11)Posun/Posuru - Usa máscara leonina e garras de bambu.

12)Agoro

13)Tetu/Etetu

14)Topodun

15)Paru

16)Arawe/Arapaná(ligação com oyá)-Só come galos brancos.

17)Ajoji/Ajagun (ligação com Ogun, Oxagian)

18)Avimaje/Ajiuziun (ligação com Nana, Ossain)

19)Ahoye OBALUAIÊ

20)Aruaje

21)Ahosuji/Segí (Ligação com Yemanjá, Oxumare/Besén


Arquétipo

São pessoas muito teimosas e adora exibir seus sofrimentos daqueles que procuram o caminho mais difícil e mais longo.

São pessoas deprimidas capaz de desanimar qualquer um. Acham que nada vai dar certo, que nada esta bom. Possuem mania de velho como a rabugice.

Gostam da ordem. Não são do tipo que leva desaforo para casa. Podem apresentar doenças de pelo, marcas no rosto. São pessoas sem muito brilho, sem muita beleza. Eles adoram irritar os outros. São amargos, vingativos. Mas possuem qualidades também e não são poucas. São prestativos e trabalhadores e amigos de verdade.

Lendas

Nanã era considerada a deusa mais guerreira de daomé. Um dia, ela foi conquistar o reino de oxalá e se apaixonou por ele. Mas este não queria se envolver com outra orixá que não fosse sua amada esposa yemanjá. Por isso, explicou tudo a nanã, mas ela não se fez de rogada.

Sabendo que oxalá adorava vinho de palma, embriagou-o. Ele ficou tão bêbado que se deixou seduzir por nanã, que acabou ficando grávida. Mas por ter transgredido uma lei da natureza, deu a luz a um menino horrível, não suportando vê-lo, lanço-o no rio. A criatura foi mordida por caranguejos, ficando toda deformada. Por sua terrível aparência, passou a viver longe dos outros orixás.

De tempos em tempos os orixás se reuniam para uma festa. Todos dançavam, menos obaluaiyê, que ficava espreitando da porta, com vergonha de sua feiura. Ogum percebeu o que acontecia e, com pena, resolveu ajudá-lo, trançando uma roupa de mariwo - uma espécie de fibra de palmeira - que lhe cobriu todo o corpo. Com este traje ele voltou a festa e despertou a curiosidade de todos, que queriam saber quem era o orixá misterioso. Yansã, a mais curiosa de todas, aproximou-se, e neste momento, formou-se um turbilhão e o vento levantou a palha, revelando um rapaz muito bonito. Desde então os dois orixás vivem juntos, e os dois passaram a reinar sobre os mortos.

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