No decorrer da gira de Caboclo, o chefe do terreiro diz: - “Jetuá Boiadeiro!”.
O Ogã prepara a mão e a solta no couro do atabaque e canta:
Me Chamam Boiadeiro
Boiadeiro eu não sou não
Eu sou laçador de gado
Boiadeiro é meu patrão
Jetuê, Jetuá
Corda de laçar meu boi
Jetuê, Jetuá
Corda de meu boi laçar
O corpo começa a estremecer, o coração bate mais forte e a força, coragem, determinação, sabedoria, seriedade e alegria tomam conta do mental e do emocional do médium que rapidamente gira, começando a dançar e a movimentar seu chicote, ao gritar “Ô! Boi” demonstrar o vigor e a força do Boiadeiro agora em terra.
O plano astral inferior estremece não se tem mais como escapar do laço do Boiadeiro que rapidamente envolve todos os seres negativos que perturba o médium e a Casa Santa.
Com amparo de Ogum seu Orixá protetor, o boiadeiro encaminha todos esses mal feitores ao domínio da Lei, onde serão refreados e redirecionados para cumprimento da Lei com a grande oportunidade de Evolução, demonstrando um grande trabalho de caridade e principalmente de amor ao próximo.
Os Boiadeiros vêm dentro da corrente de Oxóssi, dos Caboclos.
Eles são entidades que representam a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, “o caboclo sertanejo”.
São os Vaqueiros, Boiadeiros, Laçadores, Peões, Tocadores de Viola.
O mestiço Brasileiro, filho de branco com índio, índio com negro e assim vai.
Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus e, numa transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.
Sofreram preconceitos, como os “sem raça”, sem definição de sua origem.
Ganhando a terra do sertão com seu trabalho e luta, mas respeitando a natureza e aprendendo, um pouco com o índio: suas ervas, plantas e curas; e um pouco do negro: seus Orixás, mirongas e feitiços; e um pouco do branco: sua religião, falam de Jesus e de Nossa Senhora com respeito e carinho (posteriormente misturada com a do índio e a do negro, sincretismo) e sua língua, entre outras coisas.
Formam uma linha mais recente de espíritos, na primeira década da fundação da Umbanda em 1908, não havia manifestação explícita dessa linha de trabalho.
No astral, porém, elas já se preparavam para trazer seus ensinamentos, suas alegrias e suas experiências, chegando em massa após os anos 20.
Os boiadeiros já conviveram mais com a modernidade, com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra, e esse ponto nos ajudam muito para diferenciarmos dos caboclos, que foram povos primitivos.
De um modo geral, os Boiadeiros usam chapéu de couro com abas largas (para proteger-lhe do sol forte), calças arregaçadas e movimenta-se muito rápido.
O chicote e o laço são suas “armas espirituais”, verdadeiros Mistérios, e com eles vão quebrando as energias negativas e descarregando os médiuns, o terreiro e os consulentes.
A corda é usada com sabedoria para laçar o “boi brabo”, ou para “pegar aquele que se afasta da boiada”, ou ainda usada para “derrubar o boi para abate”.
Dentro do campo mediúnico, os boiadeiros fortalecem o médium, abrindo as portas para a entrada dos outros guias e tornando-se grandes protetores, como os Exus.
Dá mesma maneira que os Pretos-Velhos representam à humildade, os Boiadeiros representam à liberdade o vigor e a determinação que existe no homem do campo e a sua necessidade de conviver com a natureza e os animais, sempre de maneira simples, mas com uma força e fé muito grande.
Salve os Boiadeiros!
Jetuá!
Marco Caraccio
Um comentário:
amei lindo
Postar um comentário