sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cada uma delas com funções, características e formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças da natureza que os regem, os ORIXÁS.
Na verdade, a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso é uma religião totalmente brasileira.
Mas, torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o surgimento, na 1ª década do século XX, da mesma.

Em 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e já habitada por nativos.

Os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram a estes aborígines de índios.

Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam.

Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por motivos pouco.O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar como um castelo de areia.

São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade.

Mais tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura.

Como os índios, sofreram toda espécie de castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.

Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz.

Ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus irmãos de raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.
Além disso, muitas das crianças índias e negras, eram mortas, quando meninas (por não servirem para o trabalho pesado), quando doentes, através de torturas quando aprontavam suas “artes” e com isso perturbavam algum senhor.

Algumas crianças brancas, acabavam sendo mortas também, vítimas da revolta de alguns índios e negros.
Juntando-se então os espíritos infantis, os dos negros e dos índios, acabaram formando o que hoje, chamamos de: Trilogia Carmática da Umbanda.

Assim, hoje vemos esses espíritos trabalhando para reconduzir os algozes de outrora ao caminho de Deus.

A igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investiu covardemente para eliminar as religiosidades negra e índia.

Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o intuito "nobre" de "salvar" a alma dos nativos e dos africanos.
A necessidade de preservar a cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as imagens dos santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa sofrida naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto as forças da natureza, a esta associação, deu-se o nome de "Sincretismo religioso".
O candomblé iorubá, ou jeje-nagô, como costuma ser designado, congregou, desde o início, aspectos culturais originários de diferentes cidades iorubanas, originando-se aqui diferentes ritos, ou nações de candomblé, predominando em cada nação tradições da cidades ou região que acabou lhe emprestando o nome: queto, ijexá, efã.

Esse candomblé baiano, que proliferou por todo o Brasil, tem sua contrapartida em Pernambuco, onde é denominado xangô, sendo a nação egba sua principal manifestação, e no Rio Grande do Sul, onde é chamado batuque, com sua nação oió-ijexá (Prandi, 1991).

Outra variante ioruba, esta fortemente influenciada pela religião dos voduns daomeanos, é o tambor-de-mina nagô do Maranhão.

Além dos candomblés iorubas, há os de origem banta, especialmente os denominados candomblés angola e congo, e aqueles de origem marcadamente fom, como o jeje-mahim baiano e o jeje-daomeano do tambor-de-mina maranhense.
Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-escravos é de total miséria.

São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata.

No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes.

O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de "doutores".

Os Senhores da Luz (Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil.

Começa a se plasmar, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades.

Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras.

No livro, o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro socio-político-cultural do Brasil.

O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas, sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos.
Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.

A formação histórica do Brasil incorporou a herança de três culturas : a africana, a indígena e a européia.

Este processo foi marcado por violências de todo o tipo, particularmente do colonizador em relação aos demais.

A perseguição se deveu a preconceitos e a crença da elite brasileira numa suposta alienação provocada por estes cultos nas classes populares.
No início do século XX, o choque entre a cultura europeizada das elites e a cultura das classes populares urbanas, provocou o surgimento de duas tendências religiosas na cidade do Rio de Janeiro.
Na elite branca e na classe média vigorava o catolicismo ; nos pobres das cidades (negros, brancos e mestiços) era grande a presença de rituais originários da África que, por força de sua natureza e das perseguições policiais, possuíam um caráter reservado.

Na segunda metade deste século, os cultos de origem africana passaram a ser freqüentados por brancos e mulatos oriundos da classe média e algumas pessoas da própria elite.

Isto contribuiu, sem dúvida, para o caráter aberto e legal que estes cultos vêm adquirindo nos últimos anos.
Esta mistura de raças e culturas foi responsável por um forte sincretismo religioso, unificando mitologias a partir de semelhanças existentes entre santos católicos e orixás africanos, dando origem ao Umbandismo.
Ao contrário do Candomblé, a Umbanda possui grande flexibilidade ritual e doutrinária, o que a torna capaz de adotar novos elementos.

Assim o elemento negro trouxe o africanismo (nações); os índios trouxeram os elementos da pajelança; os europeus trouxeram o Cristianismo e o Kardecismo; e, posteriormente, os povos orientais acrescentaram um pouco de sua ritualística à Umbanda.

Essas cinco fontes criaram o pentagrama umbandista: Cristianismo, Indianismo, Kardecismo, Orientalismo e Africanismo.

Os seguidores da Umbanda verdadeira só praticam rituais de Magia Branca, ou seja, aqueles feitos para melhorar a vida de determinada pessoa, para praticar um bem, e nunca de prejudicar quem quer que seja.

Os espíritos da Quimbanda (Exus) podem, no entanto, ser invocados para a prática do bem, contanto que isso seja feito sem que se tenha que dar presentes ou dinheiro ao médium que os recebe, pois o objetivo do verdadeiro médium é tão somente a prática da caridade.Algumas casas de Umbanda homenageiam alguns Orixás do Candomblé, como por exemplo: Oxumarê, Ossãe, Logun-Edé.

Mas os mesmos, na Umbanda, não incorporam e nem são orixás regentes de nenhum médium.
Nós temos os nossos guias de trabalho e entre eles existe aquele que é o responsável pela nossa vida espiritual e por isso é chamado de guia chefe, normalmente é um caboclo, mas pode ser em alguns casos um preto-velho.

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