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Iansã
Vós surgiu, minha Mãe,
Como uma tempestade.
E nos seus olhos eu vi,
A bela face da verdade.
Rainha de encantadores Jacutás,
Senhora de todos os Congás.
Chuva que acaricia o Ser,
Ventania que traz o poder.
Ouço vossa voz melodiosa,
E de minha alma mil canções florescem.
Entre as brumas, percebo-te esplendorosa,
Dançando entre estrelas que descem.
És a beleza da tormenta,
E o brilho do anoitecer.
És o raio que acalenta,
E o fulgor do amanhecer.
És o som do trovão,
E a Justiça de Xangô.
És o amor em turbilhão,
E o canto de Agô.
És a força da guerra,
Que conduz ao campo da paz.
És a semeadura da terra,
Com os ventos que a semente traz.
És o caminho reto,
Que a todos vigia.
Vitória, contigo é certo,
És a estrela que guia.
Sopro de luz e axé,
Rainha de todo Orixá.
Flecha veloz na mata de Odé,
Menina dos olhos de Oxalá...
És o ritmo do barravento,
Que ensina a dançar na guerra.
És a fúria dos elementos,
Que dissipam toda treva.
És a chama da coragem,
Início, busca e determinação.
És o começo da grande viagem,
Pelos longos caminhos da evolução.
És a faísca que brilha no bambuzal,
E o corisco que açoita o ego.
És o sangue, a força vital,
E a direção que conduz o cego.
És a espada que degola o vício,
Guerreando ao lado de Ogum.
És a linda canção que desabrocha,
Dos lábios de papai Olorum.
És luta, suor e trabalho,
Que enobrece o coração.
És honra, força e amparo,
No jardim da compaixão...
Por ti, Oh! Mãe, o raio estoura,
E do alto até o embaixo,
A voz de Xangô ecoa...
Luz que a Vida ampara,
Em uma de suas faces vejo,
O semblante de Santa Bárbara...
Vento que afasta os males,
O seu uivo reverenciamos,
Nas pedreiras e nos vales...
Ventarola que sopra no mar,
É por ti que as ondas quebram,
No reino de Iemanjá...
Almas santas, venham todas me valer!
Toco o solo e te saúdo,
Rainha do Balê...
Infinito é seu esplendor,
E nem mesmo com mil versos,
Cantaríamos todo seu valor...
Mãe Divina, em ti vejo o amor,
E em seu cálice apanho,
A mais tenra flor...
Eparrei Iansã,
Eparrei bela Oyá!
Nos guie, hoje e sempre,
Pelas voltas que o mundo dá...
Fernando Sepe