O povo cigano sempre esteve ligado ao mundo mágico, seja pelos mistérios que cercam sua origem, seja pelas lendas que crescem ao seu redor e que os acompanham por onde passam.
Suas carroças e barracas, suas roupas alegres e a música contagiante já estão no imaginário popular, ainda que algumas pessoas os considerem apenas como vadios errantes e ladrões sem pátria.
Apesar da origem do povo cigano estar incerta e até hoje mergulhada em controvérsias, ela vem sendo analisada por vários estudiosos que buscam, por meio das tradições e lendas, localizá-los geograficamente.
Tais estudos indicam uma origem na Índia antiga.
As diversas tradições ciganas e sua língua (o romani ou romanish) possuem paralelo com os Vedas e com o sânscrito (a raiz das línguas indo-européias), ainda que esse idioma cigano, como toda língua viva, tenha se alterado ao longo do tempo com o acréscimo de termos dos países por onde os ciganos passaram, dando origem a alguns dialetos.
Um exemplo dessa ligação com idiomas antigos é um encantamento de amor praticado pelas tribos ciganas ao sul da atual Hungria.
Nesse encantamento a pessoa deve pegar um pedaço de grama, colocá-la na boca virando-se de leste a oeste, e recitar:
“Kay o Kám, avriável,Kya mánge lele beshel!
Káy o kám tel'ável,Kya lelákri me beshav.”
Dito isso, a pessoa pega um pedaço de grama, pica e coloca na comida da pessoa amada.
De acordo com as lendas, o praticante será procurado em breve pela pessoa amada.
Nesse ponto devemos observar que essa mesma magia está de acordo com diversas tradições hindus que apresentam o mesmo método, mas para curar inimizades e ódios entre as pessoas.
Temos também a palavra gadji (ou gadjô) que, nas línguas indo-asiáticas, significa ‘estrangeiro’, mostrando aí uma conexão maior do que imaginamos.
Acredita-se que os ciganos sejam uma tribo que, por algum motivo, teria sido deslocada na complexa estrutura política indiana e, a partir de então, tenha iniciado uma vida nômade, construindo assim uma identidade supranacional.
Dessa forma, levou suas tradições e ideais além das fronteiras da Índia, chegando até o Ocidente numa longa viagem através da Ásia e do Egito.
E foi na Ilha de Creta, no século XIV, que foi realizado o primeiro registro sobre o povo do vento, assim chamado devido às suas constantes deslocações: viajando com o vento...
Os ciganos estão divididos em várias tribos e clãs que se diferenciam por tradições e costumes e, embora alguns desses tenham abandonado o costume nômade, mantêm em comum a língua e alguns hábitos.
Em vários locais onde se estabelecem essas particularidades, formam-se guetos, assim como ocorreu com o povo judeu.
Pesquisadores chegam a catalogar dezenas de clãs e tribos diferentes, no entanto existe uma mescla de nomes e pronúncias diferentes.
Os principais clãs são: Romanishi – conforme alguns estudiosos, uma das tribos mais antigas do mundo cigano e tem ligações com grupos de artistas que surgiram na Romênia do séc. XV.
Calão – um dos grupos que ainda se mantêm apegado ao antigo estilo de vida cigano, sendo nômade e praticando a leitura de sorte nas ruas.
Calderashi – os "metalúrgicos da estrada", da Idade Média, fazendo consertos em panelas e utensílios.
Mesmo sendo nômades como os calões, mantêm-se firmes a várias tradições ciganas, sendo um grupo fechado.
Mitchiuawa – músicos, trazem a alegria das letras ciganas e as tradições e lendas na forma de canções.
Além do idioma que hoje continua sendo falado por todos os ciganos do mundo, há um outro fator que atrai e liga suas tradições ao mundo dos mistérios: sua magia.
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