O Caboclo na Umbanda é, em sua maioria, o indígena desencarnado que, depois de centenas de anos no plano astral, estacionado perto da crosta terrestre, resolve abraçar o novo movimento religioso de Umbanda.
Benévolo para com as minorias sofridas e abandonadas, este movimento oferece-lhe um espaço de atuação digna, consoante sua cultura, seu modo vivencia e, milagrosamente, segundo a sua índole, possibilidade de voltar às suas origens da vida física: falar, dançar, cantar, pescar, caçar, bradar, espernear, comer, fazer amigos, embora haja uma única limitação – "montar" – num "cavalo"humano, numa criatura encarnada quase sempre diferente moral e fisicamente dele.
Mas... vá lá ! Afinal, fumar, beber, ajudar aos civilizados, adorar os Orixás que se manifestam na natureza, em todos os sentidos, compensa em muito a sua integração; principalmente com os Orixás Oxossi, Ossain e com as almas dos Pretos-Velhos, Boiadeiros, Crianças e Exus, com quem se acamarada. Extasiado fica quando falam de Oxalá, um Orixá de ternura e muito amor.
O nosso indígena foi estigmatizado como pessoa indolente, somente porque não se curvou à escravidão imposta pelo colonizador civil e religioso que se apossou da sua terra reduzindo-o a um paria da sociedade.
Hoje, os Caboclos nada tem a ensinar aos "brancos"; apenas mostram o que são: altivos, sinceros, leais, autênticos e decididos, sempre a cooperar.
A esperança maior é, um dia (quem sabe?), repousar nas suas redes, no regaço do Cacique Maior, que é o Senhor Tupã, Olorun ou Zambi, Pai de todos os Orixás.
Os Caboclos que se apresentam na Umbanda são nativos – indígenas.
Passados esses 500 anos, já se aculturaram no plano astral embora uma minoria se tenha "civilizado".
Grande parte deles ainda fala mal o português e, até em sua maioria, já esqueceram a língua de origem.
Na aceitação da nova religião, os Caboclos – milhares deles – logo se mudam para uma localidade chamada Aruanda e fundam ali aldeias, aceitam até participar com seus pajés e morubixabas do governo da mágica cidade do astral, berço da religião de Umbanda.
Não se pode deixar de esclarecer que grande parte dos Caboclos de Umbanda são também criaturas mestiças (filhos de índios com brancos) que, desencarnadas, seguiram seus ancestrais na onda de relacionamento com o povo brasileiro contemporâneo.
Relação médium-guia: os Caboclos são pródigos em desculpar os erros do próprio "cavalo", mas ficam ressentidos quando os mesmos não procuram renovar-se moralmente.
Quando aos médiuns, agradam aos amigos astrais usando suas roupas e enfeites preferidos.
Tanto os médiuns quanto os fiéis aprendem com essas criaturas rudes, através da exemplificação, o que é ser companheiro, corajoso, leal e, sobretudo, o desapego das coisas materiais.
Força da natureza: são naturais cultores da floresta.
Expressão: altivos, sinceros, leais, autênticos, cooperativos, corajosos, desprendidos, companheiros.
Data comemorativa: de acordo com a vontade do Caboclo-chefe da Tenda.
É comum, no entanto, sua participação alegre e festiva nas comemorações da segunda quinzena de janeiro, dedicada aos Orixá Oxossi e também no dia 2 de julho, quando, no Estado da Bahia, acontece o Dia do Caboclo.
Composição: estão unidos pela própria descendência, embora formem agrupamentos mesclados de outras tribos, quando em trabalhos especiais no físico e no astral.
Hierarquia: são obedientes e colaboram intensamente com o Caboclo, Boiadeiros ou Preto-Velho, Chefe do Templo.
Saudação: "Okê Caboclo ! Okê Caboclo ! Okê Caboclo !" ".
A saudação é executada corporalmente, encostando energeticamente o ombro direito da entidade mo ombro direito do consulente; depois o ombro esquerdo bate também no ombro esquerdo do encarnado.
O gesto é um tanto brusco e rígido.
Logo depois, a entidades bate vigorosamente no próprio peito (do médium naturalmente), saudando o Caboclo-Chefe do Terreiro, a entidade chefe do Templo, o Orixá Oxossi ou até si mesmo: "Salve o Caboclo Pena Branca, Cobra Coral" ou o nome que tenha. É assim que se dá conhecer aos circunstantes.
Pontos cantados: existem mais de 300 pontos cantados. Dividem-se e dois tipos: pontos-de-raiz e pontos elaborados por ogãs compositores.
O ponto-de-raiz é trazido pelas próprias entidades que procuram ensinar aos fiéis, que anotam e posteriormente gravam a prece cantada, sempre um misto de advertência, agradecimento, ameaça e recado subliminar.
Daí se dizer que esse pontos cantados têm seu lado esotérico; e realmente têm.
Pontos riscados: são diversos de acordo com a tribo, falange ou agrupamento.
Indumentária: normalmente, usam a roupa branca de Umbanda. Para agradar o Caboclo, o médium pode pintar o rosto e usar cocares, arco e flecha, borduna etc.
Local preferido: Matas arredores afastados dos centros urbanos.
Cor: variada; predomina o verde.
Cor da guia: os caboclos preparam suas próprias guias (colares), feita de sementes, dentes de boi, de cobra e de outros animais. Usam sumo de ervas para um breve amaci nas contas (vinte e quatro horas), defumam com fumaça de seus charutos e depois entregam ao "cavalo", para que ele use nas giras das almas. Também usam correntes de aço e até cascas de árvores. Manuseiam as contas assiduamente (para magnetização) e as exibem orgulhosas pelo valor que as mesmas possuem na defesa contra maus fluidos e conseqüente proteção de seu protegido.
Ervas utilizadas: desde 1908,as plantas sempre foram empregadas mediunicamente pelos Caboclos e Pretos-Velhos para a cura de várias doenças. Nos dias de hoje , a fitoterapia possui o reconhecimento da medicina acadêmica como sendo de grande valor na flora brasileira. Aconselhamos a leitura de livros especializados no assunto.
Flores: Caboclos e Caboclas preferem as que estão plantadas. Quanto às folhas, gosta,m imensamente de vê-las espalhadas pelo chão do Terreiro em datas festivas.
Frutos: de preferência de cada entidade.
Mineral: Nenhum em especial
Planeta: O sol, a lua e as estrelas.
Dia da semana: nenhum em especial.
Comidas secas: abóbora tipo moranga, coco inteiro ou em pedaços, milho verde e vários frutos, sempre untados em mel.
Bebidas: vinho moscatel, garapa, aluá e água.
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